O espírito de natal morreu
De repente estamos a meio de novembro e, por todo o lado já começam a surgir imagens e sons que nos fazem lembrar o natal.
Eu sempre adorei o natal…
As luzes, as músicas, os pratos tradicionais, os presentes… tudo o que te conseguires lembrar está certamente dentro das minhas coisas preferidas.
Esta sempre foi a minha altura preferida do ano, em que um entusiasmo mágico tomava conta de mim e, que eu acreditava tratar-se do verdadeiro espírito natalício.
Mas, nos últimos anos, deixei de conseguir sentir a magia do Natal. Eu continuava a sentir-me entusiasmada e feliz com a quadra, mas aquela magia que sempre tinha sentido parecia estar perdida.
Acredito que isso aconteceu porque, a determinada altura a minha perceção sobre o natal começou a alterar-se…
Quando comecei a tentar praticar uma vida mais sustentável, tornou-se inevitável a reflexão sobre algumas questões que até então nunca me tinham preocupado.
E foi então que percebi que a altura do ano que eu mais gostava entrava em total conflito com aquilo em que eu acreditava porque:
- A maior parte dos símbolos natalícios têm por trás fortes mensagens ligadas ao consumismo;
- As prendas e os bens materiais frequentemente se sobrepõem aos valores que deviam estar na base da quadra, como a família e a solidariedade;
- A quantidade de resíduos gerada nesta quadra é enorme;
- O desperdício alimentar que acontece no natal é gigantesco, enquanto há famílias em todo o mundo que passam fome;
- As comidas de natal pouco ou nada têm de saudável;
- O consumo energético dispara, sobretudo nas áreas urbanas, devido às iluminações de natal;
Entre muitas outras pequenas coisas que no conjunto se tornam grandes!
E, de repente, aquela quadra do ano que costumava ser mágica e que fazia ressoar sininhos dentro de mim, começou simplesmente a passar por mim…
Já alguma vez tiveste essa sensação? De estar a viver as coisas, mas como se não estivesses realmente lá?
Eu posso dizer que não gostei nada dessa sensação! E definitivamente continuar a passar pelo natal não fazia sentido nenhum.
Mas deixar de o celebrar também não…
A única solução que me ocorreu foi permitir-me voltar a olhar para o Natal tal como fazia quando era criança, para tentar recuperar o seu verdadeiro significado.
E posso dizer-te que este foi um exercício bastante poderoso e me fez voltar a acreditar na magia do Natal…