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O Castelo de Areia

Era um vez…

Um castelo de areia, erguido de frente para o mar, orgulhosamente construído por um grupo de amigos que, nessa tarde, à praia tinha ido passear.

Castelo de sonhos e devaneios, onde piratas e guerreiros escondiam seus tesouros, prendiam os prisioneiros e travavam as suas batalhas.

Batalhas imaginárias, porém tão reais, como o coração de uma criança consegue criar.

Era um castelo simples, sem grandes torres nem decorações, cheio de fantasia e ilusões.

Ali ficara, olhando para o mar. Imponente num mundo de imaginação, em breve se veria impotente face à força do mar.

Mas este ia e vinha suavemente, ora desviando-se dele, ora tocando-o muito ao de leve, como se de uma carícia terna e singela se tratasse. Volta e meia trazia uma alga ou uma pequena concha que depositava calmamente na sua base, numa oferta de paz. O pequeno castelo retribuía deixando o mar levar, aos poucos, as pequenas partículas de areia com que cuidadosamente fora formado.

Uma a uma, as pessoas que naquele dia tinham ido à praia, foram partindo. Com elas, partiram todas as crianças que, ao longo do dia, se tinham deliciado a observar e a brincar no castelo. Sozinho, agora, em frente ao mar, o castelo de areia perdera toda a sua utilidade, toda a sua magia. Não passava, pois, de um monte de areia, mais ou menos equilibrado, que em breve ruiria.

O mar bem o sabia inevitável. Ele próprio acabaria, mais tarde ou mais cedo por desferir o golpe final, ajudado pela força do vento que se começava a levantar. Mas, ainda assim, por algum motivo, tentava adiar ao máximo este momento e, assim, continuava a sua dança, em redor do castelo, ora tirando, ora repondo pequenos, minúsculos grãos de areia que davam forma àquele castelo de sonhos.

Assim se passou a noite. Grão a grão, o mar foi reclamando para si aquele castelo de sonhos, como se ao levá-lo pudesse também ele aprender a sonhar. Nada restava naquele lugar… nem uma marca, nem um vestígio da sua breve existência. A pouco e pouco, gaivotas foram marcando o seu caminho na areia, seguidas pelas pegadas das pessoas e crianças que vinham chegando para mais um dia de praia.

E em breve, naquele mesmo lugar nascia um novo castelo, tão cheio de sonhos e magia como o anterior, tão cheio de esperança, de novas histórias e tesouros sem igual.

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