Um conto por Verónica Santos
A pequena Vila das Cores era diferente de todas as outras terras que conhecem ou venham a conhecer. Ali, os jardins são todos diferentes: uns estão cheios de flores, outros com ervas aromáticas, e há até quem cultive girassóis mais altos do que o telhado! Mas houve uma altura em que as coisas ficaram diferentes….
Houve um tempo em que as pessoas começaram a ficar demasiado ocupadas para cuidarem dos jardins, o lixo começou a acumular-se, as flores murcharam e o ar parecia mais triste.
Ágata era uma menina curiosa e sempre cheia de ideias. Certo dia, reparou que o velho jardim da praça, onde todos costumavam conviver e brincar, estava seco e abandonado.
– Que pena… – suspirou – Se todos ajudássemos um bocadinho, ele voltaria a sorrir.
Corajosa e determinada, começou sozinha a tratar do jardim. Levou uma garrafa de água, recolheu os papeis que encontrou no chão e até plantou uma pequena semente que encontrou perdida no seu bolso.
No dia seguinte, veio com ela o Tomé, o vizinho, que era muito habilidoso com as madeiras. Então, ele fez uma pequena cerca com tábuas velhas. Depois, apareceu a Sara, que adorava desenhar e pintou, na cerca, lindas flores coloridas. Logo depois, veio a D. Amélia, com cascas de fruta e a ideia de fazer composto, com o seu velho lema de: “Nada se perde, tudo se transforma”.
Em poucos dias, o jardim da praça começou a mudar. As plantinhas ganharam nova vida e cor de outrora começava a pintar o espaço. As abelhas voltaram, o som do riso das crianças encheu o ar e até os pássaros pareciam mais frenéticos. Mas o que era verdadeiramente bonito não era o jardim, mas sim o que acontecia entre as pessoas. Cada um passou a ajudar no que podia, quem não sabia plantar, regava; quem não podia ir todos os dias, deixava sementes ou garrafas de água para os outros.
No entanto… um certo dia, chegou uma forte tempestade, uma daquelas com rajadas de vento que quebram árvores, com chuva a cair como se rios invadissem o céu! Ficou destruído parte do trabalho realizado até ali. Quando abrandou aquele dilúvio, Ágata correu para o jardim logo que pode para avaliar os estragos e viu que muitos tinham feito o mesmo que ela. Já andavam a trabalhar juntos para recuperar o que parecia perdido.
– Não vamos desistir! – gritou Ágata.
– Um jardim cresce com amor, e o amor cresce quando o partilhamos. – declarou a D. Amélia.
O jardim floresceu mais deslumbrante ainda. E o Osvaldo, presidente de junta, mandou colocar uma linda placa na entrada: “JARDIM SOLIDÁRIO – onde cada gesto faz o mundo florescer. “
Foi desta forma que, a Vila das Cores, aprendeu que a sustentabilidade não é só cuidar da natureza, mas também uns dos outros. Hoje, conhecida pelas suas cores, ninguém na vila esquece que sozinhos fazemos um bocadinho, mas juntos, construímos jardins inteiros!
