Aquilo que um livro nos pode ensinar sobre sonhos
Gavetas mal fechadas ou sonhos mal resolvidos…
Todos nós sabemos que existem livros capazes de mudar a vida de alguém. Mas eu acredito que em todos os livros (mesmo aqueles que aparentemente não nos dizem nada de especial) podemos retirar importantes lições de vida. Neste artigo falo-te sobre como um simples livro alterou a minha visão sobre assuntos mal resolvidos.
Há muitos anos atrás eu li um livro chamado “Gavetas mal fechadas“. Já não me lembro quem era o seu autor e não me lembro o que quer que seja sobre a história. Na verdade, acredito que esta não me tenha despertado particular interesse pois, algum tempo mais tarde acabei por doar o livro…
Então, porque é que eu estou aqui a escrever sobre este livro?
Porque o título ficou-me para sempre gravado na memória.
A determinada altura do livro, o autor escrevia que quando temos o hábito de manter gavetas mal fechadas em casa, isso é um indicador de que temos assuntos mal resolvidos dentro de nós.
Naquele momento eu tinha muitos assuntos resolvidos na minha vida e talvez só por isso, esse título e essa mensagem me tenha ficado gravada na memória. Certo é que, desde então, eu passei a preocupar-me em fechar as minhas gavetas, como se ao fazê-lo pudesse resolver todos os assuntos dentro de mim.
Se ao menos fosse assim tão fácil…
Claro que não é! Na realidade tiveram de passar vários anos até que esses assuntos começassem a ser resolvidos.
Mas aquele livro, aquela passagem teve o poder de me fazer refletir sobre esses assuntos.
Independentemente de todas as coisas concretas que se passavam na minha vida, nesse momento específico, havia um assunto mal resolvido que me acompanhava desde a infância: eu não era capaz de assumir os meus sonhos.
Por muito criativa que eu sempre tenha sido, à medida que fui crescendo fui perdendo a minha voz, a minha capacidade de expressar as minhas vontades, as minhas emoções e os meus sonhos…até para mim própria.
Só quando comecei a escrever para crianças é que senti que estava novamente a entrar em contacto com essa minha voz interior. Por isso é que nos meus livros, nas minhas histórias tento sempre passar as mensagens empoderadoras que gostaria que tivessem chegado até mim enquanto crescia e que talvez pudessem ter evitado muitos anos de silêncio.
Em todos esses anos, sem perceber, eu ia enchendo as minhas gavetas interiores de emoções e sonhos que nunca tinha tido coragem de expressar e, por isso, não é de admirar que as minhas gavetas não pudessem ser fechadas. Afinal, elas transbordavam de tudo aquilo que eu podia ter sido, mas não era.
É por esse motivo que até hoje eu lembro aquele título e aquela mensagem, para mim tão poderosa, de um livro do qual não guardo mais memórias. Porque me identifiquei com ela. Porque cada vez que fecho uma gaveta, ainda me lembro dela e isso ajuda-me a lembrar de tudo o resto.
É este o poder que um livro tem! Um simples livro…
Como autora, eu espero que os meus livros tenham impacto na vida das crianças que os lêem. Falo muito de sonhos e da importância de acreditar, porque sei como isso realmente pode fazer a diferença na vida de uma personalidade que se está a formar.
Mas enquanto mentora de outros autores gosto também de ressalvar esta ideia, quando a dúvida (tão comum a quem escreve) surge: “será que alguém vai querer ler aquilo que eu escrevo”. Haverá sempre alguém que se vai identificar com aquilo que escreves, desde que a tua escrita seja genuína e é com essas pessoas que tens de te importar!
Porque bem vês…ainda que seja por uma só frase, o facto do teu livro existir, pode fazer a diferença na vida de alguém.
Gisela
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