E se as princesas dos contos de fadas fossem responsáveis pelo seu próprio final feliz?
Há dias fui desafiada para escrever um artigo sobre a escrita/leitura e poder pessoal. Isto fez-me refletir sobre um tema que há muito andava na minha cabeça, por já ter visto várias pessoas “revoltadas” com os contos de fadas, por perpetuarem o estereótipo da mulher frágil e dependente.
Acho importante entendermos e transmitirmos que os contos tradicionais refletem a realidade do contexto em que foram escritos e que independentemente do desfecho mais passivo que pode ser atribuído às princesas, é inegável que elas são mulheres poderosas, que lidam com situações difíceis de uma forma corajosa. Nenhuma delas escolhe ou aceita a sua “tragédia” e isso é o ponto mais importante.
Desde os tempos mais ancestrais que as histórias são usadas para ajudarem as crianças (e primeiramente adultos para quem eram criadas) a resolverem conflitos internos e encontrarem o seu lugar no mundo.
Os contos de fadas apareceram precisamente como uma forma de abordar assuntos delicados, amargos e ajudarem as pessoas a resignificarem os seus conteúdos de acordo com a sua experiência.
Mas tal como os tempos evoluem também é natural que o mesmo aconteça com as histórias de encantar, com os contos de fadas…como lhe queiramos chamar.
E como tal é positivo que surjam outros modelos de histórias em que as protagonistas têm a possibilidade de assumir mais o controlo das suas vidas e dos seus finais felizes.
Porque a escrita (e consequentemente a leitura) quanto a mim deve ser um veículo de transmitir mensagens construtivas e empoderadoras.
Uma história empoderadora deve, então:
- Ajudar a gerir emoções, conflitos e/ou situações traumáticas;
- Transmitir uma mensagem educativa, de transformação ou superação;
- Ter o seu enfoque no desenvolvimento do “EU”;
- Potenciar o respeito pelo “OUTRO”;
- Ter um impacto positivo em quem lê (e também em quem escreve, claro);
Será possível encontrar tudo isto numa história? Talvez não, mas é importante que tenhamos este referencial na cabeça no momento de escolhermos as histórias que queremos transmitir aos nossos filhos…e como o queremos fazer.