10 dicas para um regresso às aulas mais sustentável
Já te deste conta que, a partir de uma certa idade, o tempo parece passar mais depressa? E que quando se tem filhos voa?
Nos dias de hoje é cada vez mais frequente os pais sentirem-se constantemente assoberbados, cansados e num ritmo mais acelerado que aquilo que gostariam.
E se, nos meses de “férias” (partindo do princípio que pais conseguem ter férias) vivemos numa (por vezes ilusória) atmosfera de bom tempo e relax, quando chega o mês de Setembro parece que a realidade nos cai em cima com a força de um camião TIR…
Acaba o descanso, em breve acaba o bom tempo e, mal o mês começa já damos por nós enroscados num humor deprimido, tal como um gato que começa a adivinhar a chegada do inverno.
Mas, se conseguirmos colocar de parte essa perspectiva pessimista, Setembro é também um mês de novas possibilidades. Afinal, tudo quanto acaba dá origem a um novo recomeço e é isso que o Outono, que em breve chegará, representa.
O recomeço do trabalho e da escola, para tantas famílias, significa também o estabelecimento de novos hábitos e rotinas e, como tal a oportunidade de nos melhorarmos um pouco enquanto pessoas, família e comunidade.
Pessoalmente, posso dizer que tanto me custou desligar do trabalho, como regressar a ele depois de estabelecida a rotina de férias. Contudo, assim que tive coragem de retirar a cabeça de dentro da areia, que nem uma avestruz que não queria enfrentar a realidade, dei-me a oportunidade de planear novas rotinas e determinar novos comportamentos que, pretendo eu, sejam mais sustentáveis. É que isto de estar de férias abre sempre espaço para alguns pecados…
E, foi por isso que me lembrei de partilhar algumas dicas para um regresso às aulas (ou ao trabalho) mais sustentável, equilibrado e calmo. Porque se aquilo que mais gostamos em férias é de poder passar tempo com aqueles que mais amamos, durante o resto do ano, queremos e devemos continuar a fazê-lo.
- Repensar as escolhas de consumo
Antes de sairmos de casa e nos deixarmos apanhar pela loucura das compras, é importante colocarmos algumas questões, tais como:
– O que realmente preciso?
– O que posso reutilizar e/ou reaproveitar do ano anterior ou de familiares?
– Preciso comprar tudo agora ou posso deixar algumas coisas para mais tarde, verificando se realmente são necessárias?
– De onde vêm os produtos que vou comprar? E para onde irão quando precisar de os descartar?
– Poderei escolher alternativas mais amigas do ambiente? E mais socialmente responsáveis?
Estes são apenas alguns exemplos de questões que nos ajudam a refletir na hora de consumir. É importante lembrar que todas as nossas escolhas têm impactos, não só no ambiente, mas em termos sociais e económicos. E as escolhas conscientes e refletidas poderão ajudar-nos a minimizar esses impactos e, no final do mês fazer poupanças significativas…
- Reutilizar sempre!
Pode parecer um exagero, mas se colocarmos um pouco de lado a tendência para achar que tudo é descartável, facilmente percebemos que há uma série de coisas em nosso redor que podem ser reutilizadas várias vezes antes de se tornarem lixo. Desde materiais escolares a roupas…tudo pode ganhar uma nova vida nas mãos dos nossos filhos ou de outras pessoas! Fazer um bloco de apontamentos ou desenhos utilizando folhas de rascunho ou transformar peças de vestuário são apenas duas ideias entre as muitas que hoje em dia podemos encontrar na internet. Basta procurar!
- Dar largas à imaginação e a criatividade
Esta dica surge no seguimento da dica anterior. Usando um pouco de imaginação e criatividade e alguma inspiração externa, é possível transformar uma série sem fim de objetos, dando-lhes uma nova vida. Mas o melhor e mais importante é que muitas dessas atividades podem ser feitas pelas próprias crianças ou em família. Ao mesmo tempo que cuidamos do ambiente e do nosso bolso, fomentamos momentos de qualidade que mais tarde certamente serão recordados.
É uma realidade que a pressão do novo, do que está na moda pode exercer uma grande influência nas crianças, desde muito cedo, mas o DIY pode ser um grande aliado na altura de contrariar esta tendência. Afinal, todos nós gostamos de coisas personalizadas ao nosso gosto e feitas com carinho.
- Preferir o caseiro vs industrializado
Eu sei que quando estou com fome não penso com clareza… e acredito que não seja a única a sofrer deste mal. Uma forma de fugir a este problema é tentar planear com antecedência as refeições e os lanches da semana. Tendo este planeamento presente na altura de ir às compras torna-se muito mais fácil evitar as compras de impulso. Sempre que possível devemos preferir os alimentos caseiros aos processados que contêm inevitavelmente mais açucares, sal, conservantes e corantes e muitos outros ingrediente que nem sonhamos o que sejam. E que têm, de certeza, um impacto negativo na nossa saúde.
Uma forma de trazer esta consciência às crianças é tentando envolvê-los desde cedo na preparação dos alimentos. Nem sempre é fácil na correria do dia a dia, mas os resultados compensam.
- Respeitar o ambiente, o próximo e a si próprio
Eu sou daquelas pessoas que, sempre que pode, prefere fazer em vez de comprar. Gosto de meter as mãos na massa…seja na cozinha, na horta, em DIY…enfim, um pouco de tudo. Mas mesmo assim, às vezes não dá para fugir das compras. E quando isso acontece é preciso escolher de forma ecológica, socialmente responsável e economicamente suportável.
Todo o produto tem um ciclo de vida que vai desde a origem das suas matérias-primas até ao seu desaparecimento, após o termos descartado. E isto tem impactos em termos de recursos naturais e energia gastos, de emissões de gases poluentes na sua produção e/ou transporte e a nível de resíduos gerados. Isto é a versão simplificada, claro!
Às vezes é muito fácil esquecermos este ciclo. É fácil esquecermos das pessoas que estiveram (e estarão) envolvidas naquele produto e os seus impactes ambientais…Na hora de comprar procura sempre ter respeitar todos os envolvidos no processo, nomeadamente a ti própri@.
- Mexer-se muito!
Sempre que tal seja possível, é desejável caminhar ou utilizar a bicicleta para percorrer o caminho entre casa e a escola. Esta é um forma de poupar o ambiente e a carteira claro, para além de poder ser uma boa alternativa ao ginásio. Quando a distância não permitir qualquer uma dessas opções, os transportes públicos ou um sistema de partilha de carro, poderão ser a solução. Qualquer uma das dicas permite transformar esta deslocação diária num momento de socialização, o que é sempre bom.
- Aproveitar os fins de semana
Agora que o tempo em família durante a semana está bastante mais reduzido é essencial aproveitar os momentos disponíveis ao final de semana e ao fim do dia. Esta poderá ser uma altura preciosa para organizar toda a semana e para adiantar algumas tarefas, como por exemplo planear e confecionar algumas refeições (lanches ou pratos para congelar em SOS, por exemplo).
Quando o fim de semana chega, aquilo que mais queremos é descansar e fugir um pouco à rotina, mas reservar algum tempo para isto irá permitir-nos poupar tempo durante a semana e passá-la com um pouco mais de calma.
- Fazer atividades na natureza
Embora o Outono esteja a chegar, ainda há muitos dias e horas de sol que podemos aproveitar.
Estar ao ar livre ajuda-nos a regular os nossos níveis energéticos (queimar energia acumulada depois de um dia inteiro sentados, por uma lado ou a repor energia quando estamos extremamente cansados ou stressados, por outro). Ajuda-nos também a ajustar as nossas rotinas e o nosso ritmo circadiano, fundamental para a regulação do sono e para a adaptação ao horário de inverno que em breve estará aí.
Sai para a rua sempre que possas, pois daqui a nada a chuva e o frio (embora não sendo um impedimento) não serão tão convidativos como estes dias de sol e calor que ainda se faz sentir.
- Fazer atividades em conjunto
Seja ao ar livre ou não, há imensas atividades que podemos fazer em família, de forma a aproveitarmos o tempo juntos. Nesta minha dica, o meu conselho é para transformarmos até as atividades mais rotineiras e “chatas” em divertidos momentos familiares.
Não há motivo nenhum pelo qual a arrumação da casa não se possa, de repente, tornar numa fantástica caça ao tesouro ou a preparação das refeições numa atividade que sirva para criar conexão entre diferentes gerações….
E quem diz isto, diz muitas outras coisas. Há trabalhos de casa para fazer? Os pais trouxeram trabalho para casa ou precisam de tratar das contas do mês? Vamos brincar aos escritórios! As crianças adora sentir-se envolvidas nos assuntos dos adultos e muitas vezes gostam de imitá-los nas suas tarefas.
E verdade seja dita, nós adultos somos quem mais poderá beneficiar em esquecer por momentos a seriedade das tarefas do dia a dia e divertir-nos com elas!
- Utilizar livros e jogos didáticos
Eu sou uma defensora fortíssima de livros e jogos educativos, isso é certo e sabido e, como tal, não podia deixar de puxar a brasa à minha sardinha na minha última dica para um regresso às aulas mais sustentável.
A aprendizagem deve ser uma constante, não só ao longo da vida, mas inserida em diferentes contextos e os seus efeitos são muito mais eficazes quando decorrem de uma forma lúdica e descontraída. Por isso, devemos usar e abusar dos livros e jogos didáticos (de preferência não digitais) para promover o desenvolvimento de capacidades e competências, adaptadas à faixa etária da criança. Isto não quer dizer que uma criança não possa (e deva) estar em contacto com livros ou materiais pedagógicos de outras idades, cabe-nos a nós selecionar e adaptar os conteúdos ao seu nível cognitivo e de desenvolvimento.
Quanto a mim, continuo a adorar histórias infantis e a retirar grandes lições delas 😉